segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Gravetos que pegam fogo: fim do mistério (1 e 2)



Uma das principais alegações dos irmãos que gostam de subir ao monte para orar é: “O poder é tão grande no monte que até os gravetos pegam fogo!” Seria isso um sinal de Deus? Por que, então, ele só ocorre em montes?


“Não!” — um cristão místico argumentará — “Os gravetos trazidos do monte também brilham aqui em baixo”. É mesmo?


Bem, é claro que para o Todo-poderoso é muito fácil fazer gravetinhos pegarem fogo ou brilharem no escuro. Moisés esteve em um monte que fumegava (Êx 19). E o Senhor Jesus, em um monte, transfigurou-se diante de seus discípulos (Mt 17.1-13). Entretanto, cheguei à conclusão de que essa história dos gravetos incandescentes nada tem que ver com sobrenaturalidade.


Na escuridão de uma mata é comum ocorrerem fenômenos naturais. Um irmão de Francisco Beltrão-PR, Milton Rogério Seifert, o qual é engenheiro agrônomo, me enviou um e-mail pelo qual assevera: “Os gravetos incandescentes nada mais são que processos naturais de decomposição da madeira onde os fungos decompõem o material e brilham na escuridão. Se trouxermos os gravetos para casa e os colocarmos em um quarto escuro, e eles ficarem lá por um bom tempo, brilharão sempre que houver umidade, até a pupila do olho se acostumar”.


O irmão Milton Rogério também afirma que já foram descobertos até cogumelos bioluminescentes, os quais emitem luz 24 horas por dia! Segundo ele, existem inúmeros trabalhos de pesquisa científica nessa área. E conclui: “Em qualquer mata fechada quem entrar e ficar por lá um bom tempo, se houver umidade, os fungos brilharão assim que a nossa pupila relaxar”. Os tais gravetos incandescentes são, por conseguinte, um fenômeno natural, e não uma manifestação divina sobrenatural.


Mas, por que certos irmãos têm a predileção por orar em montes? Os apóstolos oravam em montes? Não! Aonde Pedro e João estavam indo, na hora da oração? Ao Templo (At 3.1). Onde Pedro estava orando quando o Senhor lhe deu uma visão acerca da evangelização dos gentios? No terraço de uma casa (At 10.9). Nos tempos da igreja primitiva não se orava em montes.


Por que o Senhor Jesus orava em montes? Porque queria ficar a sós com o Pai (Mt 14.23; Lc 9.18), livre do assédio do povo, e não para ver gravetos pegando fogo. E observe que Ele também orava em lugares desertos, não necessariamente em montes (Lc 5.16), mas jamais realizava cultos em lugares assim.


O Senhor orava em montes e lugares desertos porque não havia à época templos como os de hoje. Ele foi claro, ao discorrer sobre o local predileto para a oração: “A minha casa será chamada casa de oração” (Mt 21.13). E também: “quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai” (Mt 6.6).


Não chega a ser uma heresia orar em montes ou vales, em nossos dias. Se houver um local em que não se ponha em risco a integridade física dos seus frequentadores, não vejo problema em visitá-lo. Mas essa história de que os gravetos pegam fogo em cima do monte em geral é defendida por cristãos místicos, pois os verdadeiros milagres ocorrem onde e quando o Senhor quiser, e com propósitos bem definidos.


Gravetos que pegam fogo: fim do mistério (2)



Segundo a Palavra de Deus, o homem espiritual discerne bem tudo, isto é, julga bem todas as coisas (1 Co 2.15; 1 Ts 5.21, ARA). Por isso, precisamos nos esforçar para distinguir entre milagre e fenômeno da natureza; entre sobrenaturalidade e naturalidade.



A fim de avalizar a informação que eu vinha apresentando neste blog, há mais de um ano, de que a luminescência de gravetos no meio da mata é um fenômeno natural, e não um sinal divino, o engenheiro agrônomo e i
rmão em Cristo Milton Rogério Seifert — CREA-PR 25554/d, formado pela Universidade Federal de Pelotas-RS — tem me enviado voluntariamente informações valiosas por e-mail.

“Entendo a sua preocupação, ao ver muitos crentes se desviando do verdadeiro sentido das vigílias de oração. Quando falei que esse fenômeno, estava sendo interpretado erroneamente, muitas pessoas não aceitaram... Mas, quando meu pai caçava, via esses fenômenos; eram vistos sem nenhum mistério. Temos aqui na cidade um monte onde os irmãos oravam, e o solo era muito rico em matéria orgânica. Então, quando pulavam na mata, saíam ‘línguas de fogo’ do chão, e eles interpretavam como sinais dos céus. Na verdade, era apenas o gás retido no solo da decomposição, o qual é expulso e fica incandescente” — explica Seifert.

Há muitos irmãos e místicos, como os ufólogos, que acham que os tais fenômenos são coisas do além. Seifert enfatiza que “existem insetos que brilham e principalmente as larvas (coleópteros), que emitem luz na noite. Se olharmos os gravetos, vemos que eles não brilham na totalidade, mas nas regiões onde a decomposição é maior”.                                 Ciro Sanches Zibordi              
                                                    

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