APRENDA A INTERPRETAR A BÍBLIA
Há uma grande necessidade, em nossos dias, de pregadores que se preocupem com a interpretação correta das Escrituras. Muitos expoentes fazem aplicações estranhas, confundem personagens, povos, épocas e — o pior de tudo — pregam doutrinas falsas.
A Bíblia Sagrada diz: "Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade" (2 Tm 2.15). O que significa manejar bem a Palavra de Deus? Manejar é dividir ou repartir. E a Bíblia apresenta algumas divisões:
- Judeus, gentios e Igreja (1 Co 10.32). Quem não conseguir identificar esses povos nas páginas sagradas nem saber quando a mensagem se dirige a um ou a outro, especificamente, com certeza fará confusão.
- Dispensações. Deus não muda em seu caráter santo e justo (Ml 3.6), mas trata com a humanidade de acordo com princípios que estabelece em ocasiões específicas (cf. Gn 9.9). Há sete Dispensações, que, à luz da Escatologia Bíblica, recebem os seguintes nomes: Inocência, Consciência, Governo Humano, Patriarcal, Lei, Graça e Reino.
Quem não sabe diferençar, principalmente, os períodos da Lei e da Graça (Jo 1.17; Rm 10.4), terá grandes dificuldades de entender as verdades bíblicas.
- As duas vindas de Jesus. Há profecias que se referem à primeira vinda de Jesus e há outras relacionadas com a sua volta (Hb c).28). Contudo, a Segunda Vinda de Cristo se dará em duas etapas, separadas por sete anos (1 Ts 4.16,17; Ap 1.7). Quem ignora isso, também fará confusão com várias passagens da Bíblia.
-As duas ressurreições. As Escrituras mencionam duas ressurreições, uma para os salvos, e outra para os ímpios (Jo 5.28,29; Ap 20.6). E é preciso saber diferençá-las.
- Os julgamentos. É comum ouvir pregadores citando um texto sobre o Julgamento das Nações (cf. Mt 25.31-46) para se referir ao Juízo Final (Ap 20.11-15), ou empregando passagens sobre o Tribunal de Cristo (2 Co 5.10) para enfatizar pontos sobre outro tipo de julgamento.
Você notou como é importante saber dividir os assuntos? Para começar, a Bíblia já apresenta dois Testamentos! E muitos não sabem sequer distinguir entre um e outro!
NUNCA ABRA MÃO DA DOUTRINA
No Antigo Testamento, o pregador era um profeta — alguém chamado, que tem uma vocação. No Novo, era um "enviado de Deus", como João Batista (Jo 1.6)
Conquanto o pregador seja, no máximo, um vaso de barro (2 Co 4.7) por meio do qual Deus se revele, é, não obstante, o ponto vivo de contato entre o Senhor e aqueles que Ele procura para salvar "... pela loucura da pregação" (1 Co 1.21).
Poucos são os pregadores, em nossos dias, que manejam bem a Palavra de Deus (2Tm 2.15). Muitos abrem mão do valioso conteúdo das Escrituras, para ficar expondo conceitos da psicologia. Lêem um versículo, mas depois nada falam dele, demonstrando que o texto foi lido apenas para respaldar a aula de psicologia.
O que faz a obra é a Palavra de Deus! E, nós, como obreiros do Senhor, devemos estar sempre preparados para pregá-la (1 Pe 3.15). Os conceitos da psicologia e de qualquer outra ciência são válidos para enriquecer uma exposição bíblica, mas nunca devem tomar o lugar da Palavra.
Existem pregadores que valorizam mais as descobertas científicas do que as verdades da Bíblia. Basta a ciência fazer alguma descoberta, para eles buscarem referências bíblicas que a comprovem. A ciência não é infalível. Aliás, são muitas as suas divagações sobre a origem do homem, os dinossauros, etc. Prefira a verdade absoluta das Escrituras (1Tm 6.20,21).
O pregador não é um tubo pelo qual a verdade flui para os outros, mas uma viva encarnação da verdade pela qual procura ganhar outros. O que é pregação? E o processo único pelo qual Deus, mediante seu mensageiro escolhido, se introduz na humanidade e coloca pessoas perante si, face a face. Sem essa confrontação não é pregação verdadeira.
TEXTOS
BÍBLICOS PARA REFLEXÃO
Selecionei
cuidadosamente alguns textos bíblicos para sua reflexão. Não deixe de
examiná-los, em oração e meditação, observando que há um versículo do Antigo
Testamento e outro do Novo. E, assim, sucessivamente:
- "Na verdade que
já os fundamentos se transtornam; que pode fazer o justo?" (SI 11.3).
- "Então, irmãos, estai firmes e retende
as tradições que vos foram ensinadas, seja por palavra, seja por epístola
nossa" (2Ts 2.15).
- "Salva-nos,
Senhor, porque faltam os homens benignos; porque são poucos os fiéis entre os
filhos dos homens" (SI 12.1).
- "Entrai pela
porta estreita, porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à
perdição, e muitos são os que entram por ela" (Mt 7.13).
- "Teme ao Senhor,
filho meu, e ao rei, e não te entremeias com os que buscam mudanças" (Pv
24.21).
- "Mas temo que,
assim como a serpente enganou Eva com a sua astúcia, assim também sejam de
alguma sorte corrompidos os vossos sentidos e se apartem da simplicidade que há
em Cristo" (2 Co 11.3).
- "Porque o Senhor
disse: Pois que este povo se aproxima de mim e, com a boca, e com os lábios, me
honra, mas o seu coração se afasta para longe de mim, e o seu temor para comigo
consiste só em mandamentos de homens, em que foi instruído" (Is 29.13).
- "Bem-aventurado
aquele que lê, e os que ouvem as palavras desta profecia, e guardam as coisas
que nela estão escritas; porque o tempo está próximo" (Ap 1.3).
- "Aborreço,
desprezo as vossas festas, e as vossas assembléias solenes não me dão nenhum
prazer" (Am 5.21).
- "Nem todo o que
me diz: Senhor, Senhor! entrará no Reino dos céus, mas aquele que faz a vontade
de meu Pai, que está nos céus" (Mt 7.21).
- "Porque, quando
trazeis animal cego para o sacrificardes, não faz mal! E, quando ofereceis o
coxo ou o enfermo, não faz mal! Ora, apresenta-o ao teu príncipe; terá ele
agrado em ti? Ou aceitará ele a tua pessoa?, diz o Senhor dos Exércitos"
(Ml 1.8).
- "Eis que venho
sem demora; guarda o que tens, para que ninguém tome a tua coroa" (Ap
3.11).
A VERDADE DÓI, MAS É A VERDADE!
Estudar as técnicas de
oratória é muito bom, mas até certo ponto. Por quê? Porque o compromisso do
pregador deve ser, antes de tudo, com Deus, e não com o povo. Nos livros que
abordam a arte e a ciência de se falar bem, aprende-se a lidar com os mais
diversos públicos: receptivo, amistoso, hostil, apático, desatento, etc.
Nada disso deve
influenciar o mensageiro de Deus. É claro que ele deve ter ética e saber
transmitir a mensagem de modo que não ofenda as pessoas. Porém, se tiver a
certeza de ter recebido a mensagem do Senhor (1 Co 11.23), não deve se
preocupar com a receptividade do público: "... tu lhes dirás as minhas
palavras, quer ouçam quer deixem de ouvir..." (Ez 2.7)
O pregador que fala a
verdade dificilmente agradará a todos. Quando Paulo pregou no areópago, o
público dividiu-se em três grupos: escarnecedores, indiferentes e alguns que
creram (At 17.32-34). Lembra-se da parábola do semeador? Somente a quarta parte
da semente lançada sobre a terra produziu (Mt 13.3-8).
Estevão pregou uma das
mais profundas mensagens cristocêntricas de todos os tempos, apresentando
Cristo como o Justo! Todos gostaram? Não! Ninguém apreciou o seu sermão! Mesmo
assim, ele não se valeu de estratégias humanas para reverter essa situação e
acabou sendo apedrejado (At 7).
Há pregadores que
preferem pregar o que o povo deseja ouvir, e não o que receberam de Deus,
gostem ou não os ouvintes (Dt 18.20). Suas fontes de pesquisa são os livros de
auto-ajuda, psicologia, marketing... "Tu, porém, fala o que convém à sã
doutrina" (Tt 2.1).
O apóstolo Paulo foi
enfático ao falar sobre a pregação da Palavra, porque sabia que chegaria um
tempo — e já chegou — muito difícil: "... não sofrerão a sã doutrina; mas,
tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas
próprias concupiscências" (2Tm 4.3).
AGRADE A JESUS, E NÃO AO POVO
Muitos pregadores só
falam para grandes auditórios. Costumam até perguntar para quem os convida o
número de participantes do evento. Mas quer saber de uma coisa? O melhor lugar
para se pregar a Palavra não é onde haja muita gente. Também não é onde estejam
poucas pessoas! O melhor lugar é onde existam corações abertos para receber a
mensagem!
Nunca priorize a
quantidade de pessoas, em detrimento da verdade (Jz 7.1-7). Jesus perdeu um
"grande rebanho" por falar a verdade! E, quando Ele só tinha doze
ouvintes, ainda teve a ousadia de dizer: "Quereis também
retirar-vos?" Não obstante, Pedro sabia que Ele falava a verdade e respondeu
"... para quem iremos nós? Tu tens as palavras da vida eterna" (Jo
6.60-68).
A Bíblia menciona o
exemplo negativo de Arão, que preferiu fazer a vontade do povo (Êx 32.19-24). O
Senhor Jesus, em contraposição, ao receber a visita de Nicodemos, não pensou em
agradá-lo, mas disse de imediato: "... aquele que não nascer de novo, não
pode ver o reino de Deus" (Jo 3.3).
Você já observou que
muitas pregações de hoje só enfatizam o "aqui" e o "agora"?
É só prosperidade, conquista vitória; mas e a santificação, e a obediência, e o
sangue de Jesus, e os dons espirituais, e a vinda de Jesus? Essa mensagem
antropocêntrica não é o evangelho de Cristo!
A verdadeira mensagem
do evangelho enfatiza a certeza da vida eterna em Cristo, as verdades
pentecostais, a segunda vinda de Jesus, etc. Já o falacioso evangelho centrado
no homem assevera que somos salvos para receber prosperidade e conquistar tudo
aqui na Terra. Leia 1Coríntios 15.19; Colossenses 3.1,2.
Alguns dias atrás, fui
convidado a fazer parte de uma agência nacional de pregadores! Veja a que ponto
chegamos! As pessoas podem escolher o pregador de acordo com as suas
preferências. Se quiserem um pregador que fale sobre prosperidade, por exemplo,
basta ligar para essa agência.
Quem prega o que o povo
gosta, falará heresias, pois a sã doutrina não agrada a maioria das pessoas.
Aporta para a salvação é estreita (Mt 7.13,14). Há pregadores preferindo
anunciar doutrinas falsas para ter uma maior aceitação entre o povo, mas acabam
levando "as ovelhas" à perdição (Jr 50.6).
A Palavra de Deus diz
que devemos combater as falsas doutrinas (1Tm 1.3; 4.1-3,7), retendo firme a
fiel Palavra, a sã doutrina, pois há muitos contradizentes e desordenados,
"Aos quais convém tapar a boca; homens que transtornam casas inteiras,
ensinando o que não convém, por torpe ganância" (Tt 1.9-11). Leia 1
Timóteo 6.1-3.
Deus estabeleceu o
profeta como atalaia em Israel (Ez 3.17). Cabia-lhe avisar os pecadores do seu
erro e, se falhasse em sua missão ou se recusasse em dar o alarma, era reputado
como responsável (Ez 33.8). Que o Senhor levante atalaias, pregadores
comprometidos com a verdade, e não com o povo e suas preferências. Leia
Ezequiel 2.
FALE DE JESUS CRISTO!
Muitos pregadores, como
vimos nos capítulos anteriores, apresentam mensagens que só valorizam o homem,
anunciando um evangelho antropocêntrico — ou egocêntrico? —, em que o ser
humano é o centro das atenções: "Você é vitorioso! Receba prosperidade!
Profetize: Eu sou vencedor! Determine a sua bênção".
À luz das Escrituras, a
missão do pregador é apresentar Jesus! Ele é o tema central da Bíblia Sagrada —
o Senhor e o Salvador! Antes de sua ascensão, Jesus determinou que "em seu
nome, se pregasse o arrependimento e a remissão dos pecados, em todas as
nações, começando por Jerusalém" (Lc 24.47).
Como foi a primeira
pregação pentecostal? Uma mensagem cristocêntrica! Após o derramamento do
Espírito, no dia de Pentecostes, todas as pessoas que não haviam recebido o
poder do alto estavam admiradas, querendo saber o que estava acontecendo.
Pedro, então, com base
na profecia de Joel 2.28,29, depois de explicar-lhes o que acontecera, disse:
"Varões israelitas, atendei a estas palavras: Jesus, o Nazareno, varão
aprovado por Deus diante de vós, com milagres, prodígios e sinais, os quais o próprio
Deus realizou por intermédio dele entre vós, como vós mesmos sabeis" (At
2.22, ARA). Observe que o único objetivo de Pedro era fazer uma exposição sobre
a Pessoa de Cristo.
E, como foi que o
primeiro pregador pentecostal concluiu a sua mensagem? "Esteja absolutamente
certa, pois, toda a casa de Israel de que a este Jesus que vós crucificastes
Deus o fez Senhor e Cristo" (At 2.36, ARA). Pedro determinou ou profetizou
vitória para o povo? Mandou um olhar para o outro e repetir as suas palavras?
Não! Apenas mostrou Jesus!
Quando Ananias ficou
com medo de ajudar a Paulo, no início de sua conversão, Jesus lhe disse:
"Vai, porque este é para mim um vaso escolhido para levar o meu nome
diante dos gentios, e dos reis, e dos filhos de Israel" (At 9.15). E
Paulo, de fato, levou a todos o nome de Jesus: "E logo, nas sinagogas,
pregava a Jesus, que este era o Filho de Deus" (v. 20).
Em todas as mensagens
de Paulo, quer faladas, quer escritas, Jesus era o tema central: "Ora,
àquele que é poderoso para vos confirmar segundo o meu evangelho e a pregação
de Jesus Cristo, (...) seja dada glória por Jesus Cristo para todo o sempre.
Amém" (Rm 16.25-27).
Para Paulo, a mensagem
dos pregadores devia ser Cristo, sempre: "Contanto que Cristo seja
anunciado de toda a maneira, ou com fingimento, ou em verdade, nisto me
regozijo e me regozijarei ainda" (Fp 1.18). Porém, hoje, os pregadores não
falam de Jesus de jeito nenhum! Preferem enfatizar assuntos que põem o homem no
centro das atenções.
Pregue Jesus e faça
parte dos poucos pregadores com quem o Senhor pode contar nessa última hora!
Que Jesus Cristo o
abençoe! Ah, um último lembrete de Paulo: "Conserva o modelo das sãs
palavras que de mim tens ouvido, na fé e na caridade que há em Cristo Jesus.
Guarda o bom depósito pelo Espírito Santo que habita em nós" (2 Tm
1.13,14).
Ciro Sanches Zibordi
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