Por Danilo Raphael
Os estudiosos, desde épocas remotas, vêm atribuindo aos números valores filosóficos e religiosos. Através dos números e dos séculos, pensadores e místicos têm expressado seus ideais e conceitos. Na Bíblia, muitas vezes os números aparecem como símbolos, mas não podemos dizer que todos os números nas Escrituras são simbólicos. O costume de atribuir algum significado aos números vem do Oriente.
O dicionarista Aurélio define o termo numerologia da seguinte maneira: “estudo da significação oculta dos números e da influência deles no caráter e no destino das pessoas”. Entre os judeus místicos, a Cabala1, baseada principalmente na simbologia dos números, é cultivada com afinco. Os cabalistas recorrem a um processo chamado gematria (vocábulo grego que significa geometria: 'medida da terra'. A gematria consiste em atribuir às letras valores numéricos e tirar deste princípio múltiplas conseqüências).
De acordo com o livro “Dicionário de religiões, crenças e ocultismo”, a numerologia é um “sistema ocultista que atribui valores específicos e significados aos números para se determinar o futuro ou conhecer os mistérios do universo físico”.2
A origem da numerologia
Devido à harmoniosa sucessão do dia e da noite, das quatro fases da lua, dos sete dias da semana, das quatro estações do ano, da simetria das partes e dos membros do corpo humano, e também da seqüência dos anos, o homem foi conduzido à simbologia e à mística dos números.
Platão |
Raciocinando com a numerologia
De acordo com esse estudo, valores numéricos são atribuídos às letras. Um exemplo disso seria que a letra “a” valeria 1 e a letra “z”, 26. As principais funções dessa “matemática” é calcular o valor numérico do nome de uma pessoa junto com a data do seu nascimento. “Por exemplo, Jesus é: J (10), E (5), S (19), U (21), S (19). A adição desses valores é 74. Esse número é reduzido da seguinte forma: 7+4 = 11 e 1 + 1 = 2”.6 Se considerarmos o fato de que o nome Jesus no grego é Iesous, esta colocação fica sem nexo, pois o nome Iesous contém oito letras, o que fornece outro valor numérico.
O mesmo acontece com as datas de nascimento. Suponhamos que o cálculo da data de nascimento de uma pessoa do dia 30-04-80 fosse: 30 + 4 + 1 + 9 + 8 + 0 = 52. A redução desse número seria 5 + 2 = 7. Então, o número dessa pessoa seria 7. Seria a partir desse número que os numerólogos interpretariam a vida de tal pessoa. É seguindo essa forma de raciocínio que muitos estudiosos atribuem o número 666 (associado ao anticristo) às letras do nome César Nero. Existe alguma verdade nessa teoria? É um caso que precisa ser analisado.
Místicos por todo o mundo têm feito previsões baseadas na numerologia, e muitas delas, coincidentemente, têm-se cumprido, tornando este método popular entre uma grande parcela da população que busca conhecer aquilo que está por vir. Tais pessoas, no entanto, ao interessar-se pelos acontecimentos futuros visam apenas resolver seus problemas amorosos, financeiros e profissionais. Na verdade, não estão nem um pouco preocupadas em saber sobre as coisas espiritualmente saudáveis reservadas para elas.
Como podemos ver, o assunto é sério, e precisa ser analisado à luz da Palavra de Deus.
A numerologia à luz da Bíblia
Sempre houve muitas especulações em torno dos números na Bíblia. Ao que tudo indica, o único número da Bíblia que de fato pode receber interpretação simbólica é o 666: “Aqui há sabedoria. Aquele que tem entendimento, calcule o número da besta; porque é o número de um homem, e o seu número é seiscentos e sessenta e seis” (Ap 13.18).
Seja qual for a maneira usada pelo homem para praticar a adivinhação é abominação diante de Deus. Vejamos o que diz Deuteronômio 18.10-12: “Entre ti não se achará quem faça passar pelo fogo a seu filho ou a sua filha, nem adivinhador, nem prognosticador, nem agoureiro, nem feiticeiro, nem encantador, nem quem consulte a um espírito adivinhador, nem mágico, nem quem consulte os mortos. Pois todo aquele que faz tal coisa é abominação ao Senhor; e por estas abominações o Senhor teu Deus os lança fora de diante de ti”. Levítico 19.31 também tem algo a dizer a respeito: “Não vos virareis para os adivinhadores e encantadores; não os busqueis, contaminando-vos com eles. Eu sou o Senhor”.
O castigo para o praticante da adivinhação, conforme rezava a lei, era a morte: “Quando, pois, algum homem ou mulher em si tiver um espírito de necromancia ou espírito de adivinhação, certamente morrerá, serão apedrejados; o seu sangue será sobre eles” (Lv 20.27).
De acordo com o que diz a Bíblia, um dos motivos que levou Saul à morte foi justamente o fato de ele ter recorrido à adivinhação: “Assim morreu Saul por causa da transgressão que cometeu contra o Senhor, por causa da palavra do Senhor, a qual não havia guardado; e também porque buscou a adivinhadora para a consultar” (1Cr 10.13). Samuel, ao contrário de Saul, havia desterrado todos os adivinhos (Samuel temia o Senhor 1Sm 28.3,9).
O povo de Israel praticava adivinhações e foi duramente advertido pelo profeta Isaías: “Quando, pois, vos disserem: Consultai os que têm espíritos familiares e os adivinhos, que chilreiam e murmuram: Porventura não consultará o povo a seu Deus? A favor dos vivos consultar-se-á aos mortos?” (Is 8.19).
No Novo Testamento, encontramos o caso de uma jovem que tinha um espírito de adivinhação. Tal espírito, no entanto, foi expulso pelo apóstolo Paulo. O registro desse acontecimento encontra-se em Atos 16.16-18. Vejamos o que diz o texto: “E aconteceu que, indo nós à oração, nos saiu ao encontro uma jovem, que tinha espírito de adivinhação, a qual, adivinhando, dava grande lucro aos seus senhores. Esta, seguindo a Paulo e a nós, clamava, dizendo: Estes homens, que nos anunciam o caminho da salvação, são servos do Deus Altíssimo. E isto fez ela por muitos dias. Mas Paulo, perturbado, voltou-se e disse ao espírito: Em nome de Jesus Cristo, te mando que saias dela. E na mesma hora saiu”.
Claro está que a prática de adivinhação é terminantemente condenada por Deus!
Vivemos diariamente com pessoas que crêem em adivinhações. Para que suas vidas sejam transformadas, precisamos mostrar-lhes a verdade da Palavra de Deus. Somente assim poderemos convencê-las de seus erros.
Em relação a esse assunto, para que não caiamos nas armadilhas do inimigo, devemos defender a fé que uma vez nos foi dada (Jd 3). Fica aqui, então, lançado o desafio. Será que estamos dispostos a fazer pela verdade o que os numerólogos fazem pela mentira?
Notas:
1 Defesa da Fé, nº 32, pp. 52-55.
2 Dicionário de Religiões, Crenças e Ocultismo, Mather & Nichols, Editora Vida, p. 341.
3 Pitágoras (570-495 a.C) importante matemático e filósofo grego. Entre seus mestres é necessário citar Zoroastro, um sábio persa e grande conhecedor da cabala.
4 Pergunte e Responderemos, 1973, ano XIV nº 163, p. 309.
5 Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia, Vl 4, R. N. Champlin e J. .M Bentes, Editora Candeia, p. 551.
6 Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia, Vl 4, R. N. Champlin e J. .M Bentes, Editora Candeia, p. 552
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