Por Lídio Hamon
Possuir respostas para estas perguntas é vital. Pessoas que jamais entrariam em um terreiro ou se envolveriam com algum tipo de ocultismo tornam-se ingenuamente (ou não) vítimas das maldições inerentes a este tipo de prática. A inocência não serve de escudo.
Definindo simpatia
O que é mesmo simpatia? O dicionário Aurélio a define, entre outras coisas, como: “ritual posto em prática, ou objeto supersticiosamente usado, para prevenir ou curar uma enfermidade ou mal-estar”.1 Mas esta explicação é muito branda. A significação de um site sobre simpatia é outra bem diferente para esta prática: “Simpatia é a maneira ritual de forçar poderes ocultos a satisfazerem a nossa vontade”.2
Isso significa que, mesmo sem intenção, ou involuntariamente, procura-se criar algum vínculo com o mundo espiritual e manipulá-lo de forma a atender nossos desejos. A grande questão é: com quem a magia da simpatia lida?
Brincando com o inimigo
Neste mundo pragmático em que vivemos, o que as pessoas geralmente querem saber é: “Funciona?”. O mesmo site comenta: “A simpatia tem grande prestígio, dada a psicologia do povo que quer resultados imediatos, sem tratamento e sem trabalho, trazidos pelas escamoteações da mágica. Em suma, o milagre”.3
Embora a única preocupação do praticante seja obter resultado imediato, ele, porém, não se detém para questionar qual a fonte do poder por trás das simpatias. Claro que a maioria não funciona, e o aparente efeito de algumas não passa de coincidência ou auto-sugestão. Mas quando se trata de um “milagre” real, os envolvidos não questionam o autor do suposto milagre, nem sequer cogitam que estes “poderes ocultos” têm como fonte os espíritos malignos.
Assim, pode-se depreender que desejar milagres e não se preocupar com a “fonte de origem” é abrir a porta para a atuação do diabo. Sobre o poder do diabo em obrar prodígios a Palavra de Deus esclarece: “A vinda desse iníquo é segundo a eficácia de Satanás, com todo poder, e sinais e prodígios da mentira, e com todo engano da injustiça para os que perecem. Perecem porque não receberam o amor da verdade para se salvarem” (2Ts 2.9,10; grifo do autor).
Fé e superstição
“De sorte que a fé vem pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus” (Rm 10.17). Logo, a fé bíblica, a fé verdadeiramente cristã, é uma conseqüência de se ouvir e aceitar a Palavra de Deus. A superstição, elemento essencial das simpatias, não tem seu fundamento nas Escrituras Sagradas, se é que possui algum fundamento. As pessoas que se envolvem com simpatias, o fazem pela indicação de outro, e não se preocupam em analisar os poderes ocultos que se escondem por trás das mesmas.
Mesmo o uso de objetos, palavras e atos narrados na Bíblia podem se degenerar em superstição. Embora a Palavra de Deus se utilize desses elementos, tais elementos, no entanto, só têm valor quando baseados na fé. “Tudo o que não é por fé, é pecado” (Rm 14.23).
Da mesma forma, o fato de Jesus ter cuspido na terra, feito lodo, passado nos olhos de um cego e este ter sido curado após lavar-se no tanque de Siloé, não significa que Jesus estava ensinando, com isso, um ritual para curar cegos (Jo 9.11). Aquele foi um milagre produzido pelo poder de Cristo mediante a fé, e não passos a serem seguidos pelos cegos que buscam cura. A Bíblia estava narrando um acontecimento, não ensinando um ritual para curar cegos.
É importante também mencionar a repetição de palavras que geralmente está inserida nas simpatias. Jesus condenou a prática das chamadas “rezas”, quando disse: “E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios, que pensam que por muito falarem serão ouvidos. Não vos assemelheis, pois, a eles...” (Mt 6.7,8). Embora no dicionário orações e rezas sejam palavras sinônimas, na prática, porém, as rezas tornaram-se fórmulas mágicas com poder em si mesmas, e não representam nenhuma manifestação de fé, no sentido bíblico.
É bom ratificar que, biblicamente, fé significa confiar (crer) em Deus e em Cristo (Jo 14.1). Os cristãos oram e tomam atitudes confiando nas promessas divinas, e não em meras palavras e atos por si só. Os praticantes da simpatia não agem de acordo com um relacionamento pessoal com Deus ou Jesus.
O nome de Deus em vão
“SALMOS 37 e 38 — Leia os salmos 37 e 38 três vezes ao dia, durante três dias. Após tê-lo feito, publique o texto (salmo) no jornal no quarto dia e veja o que acontece. Faça dois pedidos difíceis e um impossível”.4
Tem-se popularizado o uso de Salmos, ou mesmo do nome de Jesus, como simpatia para a resolução de problemas. Todos os dias, os jornais trazem uma coluna de agradecimento ou de recomendação de pessoas que aconselham os leitores a usar o “salmo tal” ou a “palavra tal” para resolverem seus problemas e alcançarem alguma coisa.
“Não tomarás o nome do SENHOR teu Deus em vão; porque o SENHOR não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão” (Êx 20.7). Embora alguns achem que, ao citarem a Bíblia, Deus ou Jesus valida este tipo de atitude, o oposto, no entanto, é que é verdade. As pessoas estão, de fato, querendo manipular a Deus por meio de palavras e ritos, quando a Bíblia ensina que isto é abominável aos seus olhos.
Temos de tomar cuidado para que a nossa fé não se deteriore em superstição e idolatria. Em Números 21.4-9, Deus ordenou a Moisés que fizesse uma serpente de bronze e colocasse sobre uma haste. Todos os israelitas que olhassem para ela seriam curados, e assim aconteceu. Todavia, com o passar dos dias, o povo de Israel, ao invés de colocar sua fé no Deus que os curava ao olharem para a serpente de bronze, puseram sua confiança na própria serpente e passaram a adorá-la e a oferecer-lhe incenso. Substituíram Deus por um dos instrumentos que Ele usou para abençoá-los. Por isso o rei Ezequias ordenou sua destruição: “Ele tirou os altos, quebrou as estátuas, deitou abaixo os bosques, e fez em pedaços a serpente de metal que Moisés fizera; porquanto até àquele dia os filhos de Israel lhe queimavam incenso, e lhe chamaram Neustã” (2Rs 18.4; grifo do autor).
Feitiçaria caseira
Os que consideram exagero comparar simpatia e feitiçaria fariam bem em atentar para este assunto. Vejamos os rituais ensinados no mesmo livro sobre wicca8:
Para proteger seu lar
“Deixe romãs abertas na janela da casa para trazer paz e harmonia para sua família”, ou: “Faça uma cruz com dois pedaços de canela em pau e coloque-a escondida atrás da porta em sua escrivaninha”.
Para ter amor
“Guarde uma rosa ou um amor-perfeito dentro de seu livro de poesia ou do seu romance favorito. Tenha-o sempre à cabeceira, pois este é um poderoso talismã”.
Os historiadores são unânimes em admitir que o catolicismo português trazido para o Brasil era fortemente influenciado pela bruxaria européia. Como resultado, as mesmas práticas continuam sendo realizadas “camufladamente”. Logo, simpatias nada mais são do que bruxarias caseiras efetuadas por pessoas que apenas querem resultados e estão dispostas a fazer qualquer coisa para alcançá-los.
Livrando-se da simpatia
“Andamos por fé, e não por vista” (2Co 5.7). Este é o fundamento da fé evangélica e bíblica. Quando o relacionamento diário com Deus se baseia em objetos, fórmulas, rituais e/ou palavras previamente estabelecidas, então ocorre um afastamento. Não importam quantas “graças” as pessoas digam que alcançaram por este meio, isto não prova que foi Deus quem realizou nada. O Novo Testamento rejeita completamente o uso de tais subterfúgios para se alcançar resposta divina, e o Velho Testamento só o faz quando é orientado por Deus e, mesmo assim, como símbolos espirituais de Cristo.
Não se engane, caro leitor, mexer com simpatia é mexer com o oculto, e todo benefício que resultar disso é aparente. “Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios (receitas de simpatia e magia) [...] Antes tem o seu prazer na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e de noite. Será como a árvore plantada junto a ribeiros de águas, a qual dá o seu fruto na estação própria, e cujas folhas não caem. Tudo o que fizer prosperará” (Sl 1.1-3; parênteses do autor).
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