quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Em Campos, o bairro que virou mar


Em 10 horas, água tomou a região de Três Vendas. Moradores terão que esperar três meses para saber se será possível voltar para casa.
Em cerca de 10 horas, os moradores do bairro de Três Vendas, em Campos dos Goytacazes – a maior cidade do norte fluminense – viram a planície onde vivem ser completamente tomada pelas águas do Rio Muriaé. O bairro que virou mar é o episódio mais recente da série de estragos nas regiões norte e noroeste do Rio, as mais atingidas pelas chuvas de verão desde os primeiros dias de 2012. Por volta das 16h, a água estava entrando nas casas. Já foram destruídos um campo de futebol e plantações de cana-de-açúcar.
O local começou a ser esvaziado ainda pela manhã, quando, às 6h, a elevação do rio superou a altura do dique e destruiu parte da pista da rodovia BR-356 (que liga Belo Horizonte, em Minas, a São João da Barra, no estado do Rio). Abriu-se, então, uma cratera de cerca de 20 metros. Como o alerta era de que a inundação se daria em poucas horas, Exército, Defesa Civil e Corpo de Bombeiros retiraram os 4.000 residentes e os levaram a escolas ou a acampamentos.
O coronel da Defesa Civil estadual do Rio, Sérgio Simões, na área inundada no município de Campos: o bairro de Três Vendas virou mar (Ag.O Dia)
Durante a remoção, moradores ainda tentavam estocar o que podiam no segundo andar. De acordo com o secretário de Defesa Civil de Campos, Henrique Oliveira, no fim da tarde o bairro estará coberto pela água.
Desabrigados – Campos registra 4.800 desabrigados. Só em três meses os moradores saberão se terão chance de voltar às casas. No verão de 2007 e 2008, uma inundação parecida aconteceu na cidade. Após 90 dias, quando o nível do Rio Muriaé baixou e a Defesa Civil pôde bombear a água para fora do bairro, técnicos começaram a avaliar as condições das residências. “Assim como da outra vez, daqui a alguns meses, iremos condenar e demolir várias casas. Outras precisarão de reformas gerais por ter ficado tanto tempo coberta de água”, explica Oliveira.


Moradores usam o segundo andar para salvar os pertences
O governo do Rio enviou, pela manhã, duas aeronaves tripuladas por bombeiros para o bairro de Três Vendas.
Norte e noroeste do Rio – As cidades mais afetadas pelas enchentes, além de Campos, são Laje do Muriaé, Itaperuna, Italva e Cardoso Moreira. O governo estima que esses quatro municípios precisem de 200 milhões de reais para a reconstrução. Só em Laje do Muriaé, cuja população total é de 8.000 habitantes, 2.500 pessoas estão desalojadas e outras 100, desabrigadas.
No balanço divulgado no fim da tarde de quarta-feira, a Defesa Civil estadual informava que, em todo o estado do Rio, há 22.800 desalojados e 1.783 desabrigados.

Por volta das 18h, mais de 300 famílias já haviam sido removidas nos locais onde as águas chegaram primeiro. Foto: Gerson Gomes/EFE

Cecília Ritto, do Rio de Janeiro http://www.correaneto.com.br

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